quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

25 de Janeiro de 2012 - Quarta-feira

Ontem, às 12h45m, o meu telemóvel tocou e vi no visor o nome dela. Os seus telefonemas são sempre muito demorados e durante o horário de trabalho só atendo o telefone pessoal se for algum familiar. Mas atendi, ela ia a caminhar sentia-se na voz. Perguntou-me como estava a menina, mas a sua voz tinha um timbre diferente, perguntei como estavam os seus meninos e ela.
Respondeu que os meninos estavam bem, mas ela tinha o pai muito doente. Em Novembro, começou a sentir-se mal, com tonturas e a ter quedas frequentes. Foi ao médico, foi medicado, mas não melhorou pelo contrário.
Voltou a ir ao médico, fez uma série de exames e descobriram que tem um tumor cerebral inoperável e nem não vale a pena fazer quimioterapia. Está a tomar medicação, mas deixa-o sem defesas.
Não fala, não anda e muitas vezes já não conhece as filhas ou os netos. Perguntei como estava a mãe dela a reagir. Mal, muito mal - disse-me.
A determinada altura disse-me que queria muito o pai, mas não assim da forma que estava.
Eu estava a ouvi-la, mas sem palavras de conforto para lhe dizer, para a consolar.
No fim disse-lhe que se precisa-se de alguma coisa para dizer, nem que seja só para conversar ou desabafar.

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